domingo, 21 de julho de 2013

Raízes

Fez tanto tempo que criou raízes, talvez as mais profundas que se possa imaginar.
Ando encontrando certas coisas: escritos, fotos, papéis de bala, blogs (como esse que, com vergonha de ser ser vergonha, agora vos falo) que deixei no tempo...deixei criar teias, talvez nem de aranhas, pois seria maldade com as pobres criaturas que nada têm a ver com minha falta de disciplina. Criou teias de casos mal resolvidos com ideias mal resolvidas, e assim foi deixando de tomar o espaço que sempre teve...
Mas, como tudo na vida tem um preço a ser pago, hoje venho humildemente redimir-me das minhas ausências de  transgressões poéticas, dizer que senti uma puta falta de escrever, e do que escrever também.
Deixo, dessa forma, uma canção. Ando pensando muito nela.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O enigma do tempo


A questão do homem e o tempo tem expressiva importância no cotidiano. E o cotidiano revela aquilo que o tempo trás de surpreendente ou assustador. Durante a história da humanidade, métodos e conceitos desenvolveram-se a partir das atividades do homem que são determinantes quando o assunto é o tic tac do relógio. Desde os sumérios, passando por Egito e Grécia Antiga, o homem coordenou o seu tempo em favor das práticas nas quais sua sobrevivência dependia. Com o advento da agricultura, o plantio e a colheita condicionaram a vida dos habitantes das primeiras comunidades – que deixaram de ser nômades em virtude da escassez de alimentos. A partir daí, e com a ajuda da extraordinária capacidade humana em utilizar o tele encéfalo altamente desenvolvido no progresso de suas ações, o homem passou a lidar com fatos cotidianos de forma organizada e precisa.
                A partir da Revolução Industrial, século XVIII, o homem conseguiu relacionar o tempo com a atividade de trabalho. A invenção do relógio possibilitou precisão na contagem dos segundos, que formaram os minutos e as horas de um dia labuta. A mudança brusca dos trabalhadores para os grandes centros comerciais – as cidades – deixou de lado a vida no campo, a espera da agricultura; o tempo contado pelo cantar do galo e o posicionamento do sol deu espaço aos sinais das fábricas, aos apitos das pausas, à visão aguçada de mão-de-obra versus tempo. O valor das coisas passou a ser contado pelo ritmo frenético do capitalismo industrial – recém chegado, mas sem data para partida.
                Com o advento do século XXI, novas tecnologias, novas formas de vida se expressam nesse cotidiano. E o homem é capaz de lidar com várias atividades simultâneas, sobretudo com a ajuda de uma nova, porém quase velha aliada: a internet. Informações atualizadas a todo segundo, sites de relacionamentos, a grande cadeia humana de amizades, canais de protestos e demonstrações de sentimentos (todos, muitas vezes em uma só página), trazem à luz da criticidade a questão do tempo e o homem. Entretanto, eis  o enigma pertinente acerca do tema: quem está a favor de quem? O homem que utiliza o seu tempo para cumprir sua jornada diária, ou o tempo que dita o que deve ou ser feito? E então, vemos surgir no cerne da questão o cotidiano que, de tempos em tempos, derruba conceitos, reafirma outros, oferece roupagem nova a expressões a atitudes antigas. Saber relacionar o cotidiano com as ações reproduzidas a partir da contagem do tempo é uma façanha que a humanidade ainda é inexperiente. Controla-se o relógio aparentemente e as atividades diárias, mas não se entende o correr tão veloz e cruel das horas. Como se a grande angústia da contemporaneidade  fosse a espera da alforria, da liberdade de utilizar o tempo para projetos, sonhos planos deixados à mercê dos dias, das horas. Ora, se o  homem necessitou domestica-lo, agora precisa enquadrar-se à ditadura repressora do tic tac do relógio que, embora moderno, continua o mesmo.  A fera domesticou o adestrador.
 Sim, o homem é produto de seu tempo, dependente de suas horas, condicionado ao cotidiano que, se der tempo, acontece de forma previsível. 

Obs: Texto criado por Andréa Moreti, no dia 14/02/2013, e enviado para análise (no endereço eletrônico estevanscriptme@gmail.com) referente a vaga de freelancer de escritor, conforme anúncio no Jornal O Cruzeiro do Sul de Sorocaba/SP, na mesma data (para evitar plágios autorizados e não autorizados...rs).

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"Ta pronto." Será?

Ando meio sufocada, mas acho que depois das festas de fim de ano a gente fica meio assim: sufocada, inchada, saturada, blasé, sei lá. Acho que todo fim de ano, ao contrário do que pensa a grande leva, é um parto, pois é necessário inventar um novo ano, com sonhos, expectativas e realizações. Sim, pois as realizações nos levam "à plenitude do ser..." Bobagem. O destino não existe sem o caminho percorrido, e caminhar é preciso. Nunca tive nada pronto, e acredito ser esse motivo o responsável  pelo turbilhão de coisas no meu pequeno tele-encéfalo. 
Não acredito em pessoas prontas. A gente só fica pronto na hora da morte. O resto a gente apronta.
Apronta a vida para aquilo que é necessário, e para os desnecessários também. E tudo passa a ser nada ao mesmo tempo.
É. acho que o mal estar é justamente por começar 2013 sem grandes perspectivas e resultados prontos. 

Nado contra a corrente? Não sei.
Será mesmo que tudo já nasce pronto? Ou, como diria Nietzsche, " Quando alguém se torna aquilo que é?"